Nosso mais novo insight sobre o mercado de câmbio ajudará você a entender as flutuações recentes e os principais drivers para fevereiro.
O contraste entre a situação que vivíamos no final de 2020, a que vivemos atualmente e a que esperamos ver em alguns meses é enorme. No final de 2020, a eficácia demonstrada pelas vacinas contra o coronavírus e sua ambiciosa agenda de distribuição nos permitiram ser otimistas. Muitos países baixaram sua guarda contra a pandemia e, confiantes de que 2021 traria um recomeço, iniciaram as celebrações pela chegada do novo ano.
Como consequência, ao longo de janeiro, hospitais nos Estados Unidos, Europa e América Latina foram mais uma vez expostos à profundidade da crise que emergia na forma de uma terceira onda de contágios, que até agora teve um efeito dramático (Fig. 1).
Figura 1. Número de casos confirmados de Covid-19 nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Brasil. Média-móvel de 7 dias de números de casos (por 100 mil)
Fonte: Análise de dados do Financial Times, da Organização Mundial de Saúde, Covid Tracking Project, Johns Hopkins CSSE, painel de coronavírus do governo do Reino Unido, Ministério da Saúde da Espanha e Agência de Saúde Pública da Suécia.
Em meio à escalada de casos de Covid-19, o ambicioso cronograma de produção e distribuição das vacinas começou a exibir suas debilidades que foram reprimidas durante a articulação política. Com escassez de suprimentos sendo sentida em toda a Europa, a Espanha se tornou a primeira nação do bloco a suspender parcialmente as imunizações por falta de doses. A situação logo se convertia em uma disputa cada vez mais acirrada entre a União Europeia, Reino Unido e as farmacêuticas, que levanta preocupações sobre a competição internacional por suprimentos limitados das vacinas necessárias para acabar com a pandemia.
Nos Estados Unidos, o cenário não difere radicalmente. Respondendo à crescente pressão de alguns estados, como Nova York, a nova administração segue trabalhando para comprar 200 milhões de doses adicionais e fornecer doses suficientes para vacinar 300 milhões de americanos até o final do verão ou início do outono.
O ritmo de vacinação pode ser observado na Figura 2.
Figura 2. Doses cumulativas de vacinação COVID-19 administradas por 100 pessoas
Fonte: Dados oficiais coletados por Our World in Data - Última atualização em 28 de janeiro
Aparte da crise sanitária, janeiro não somente trouxe a posse de Joe Biden como o 46º Presidente dos Estados Unidos, mas também confirmou que tanto o Congresso como o Senado serão liderados pelos Democratas.
Portanto, nos próximos meses, é provável que vejamos uma proposta de outra injeção fiscal massiva de US$1,9 trilhão (equivalente a quase 9% do PIB) ganhar mais forma, embora também signifique que os republicanos poderão tentar negociar um pacote menor.
Também veremos outros projetos ganhando corpo, como por exemplo a agenda ambiental de Biden. A Casa Branca deverá planejar promulgar novos decretos para "enfrentar a crise climática", tanto dentro como fora das fronteiras norte-americanas, e reforçar o apelo à cooperação mundial.
Mercado de Câmbio
Embora o cenário de janeiro tenha sido principalmente a crise de sanitária, o mercado reagiu positivamente à posse de Joe Biden como Presidente dos EUA, o que limitou o desempenho de ativos mais seguros e impulsionou ativos mais arriscados, como o S&P 500 (Fig. 3).
Figura 3. Desempenho em % dos ativos considerados porto-seguros (CHF/USD, USD/JPY, Ouro e USD) e arriscados (S&P 500)
Fonte: Bloomberg
A visão de um Dólar mais fraco para fevereiro continua sendo fundamentada sobre a vacinação em massa e a convicção que um número cada vez mais crescente de pessoas estará vacinada nos próximos meses, permitindo que a maior parte das restrições de mobilidade sejam definitivamente eliminadas. Quando isso acontecer, a atividade econômica acelerará e grande parte do declínio ocorrido com a eclosão da pandemia poderá ser revertido, embora de forma heterógena entre os setores e regiões.
Os bancos centrais, em particular o Fed e o Banco Central Europeu, também figuram como peças fundamentais, uma vez que conseguiram convencer os mercados de que manterão as taxas de juro nos mínimos históricos, mesmo para além do momento em que a atividade económica ultrapassar os níveis pré-pandêmicos.
Neste sentido, espera-se também valorizações no mercado acionário, uma vez que também levam em consideração o impacto positivo esperado dos diversos planos de estímulo fiscal que deverão ser realizados no futuro próximo.
Comments