Panorama Econômico
A produção industrial registrou em março a queda mais acentuada em quase dois anos, ao mesmo tempo que as vendas no varejo sinalizaram a maior perda de ritmo para o mesmo mês nos últimos quatro anos. Além disso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 9,7% em abril, na comparação dessazonalizada com o mês anterior, representando a maior queda da série histórica. A maior queda do IBC-Br havia sido registrada em março deste ano (6,2%).
No segundo trimestre, o índice consolidado de dados de produção industrial (PMI, na sigla em inglês) para o mês de abril caiu fortemente, registrando uma nova mínima histórica para o indicador, refletindo o fechamento temporário de empresas, bem como uma demanda mais fraca, afetando volumes de produção e de novos pedidos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,38% em maio, representando a maior queda de preços médios desde agosto de 1998 (-0,51%). Em abril o indicador já havia registrado recuo de 0,31% como se observa no gráfico abaixo.
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
Vários bancos de investimento reduziram suas perspectivas para o PIB brasileiro em 2020 nos últimos dias, com o BofA Securities emitindo uma das projeções mais sombrias, revisando sua estimativa de -3,5% para -7,7%.
Face a este cenário, a agência de classificação de risco Fitch Ratings manteve a nota de crédito do Brasil em BB- (BB menos), mas revisou a Perspectiva do Rating para "negativo" de "estável".
Governo e Banco Central
O governo brasileiro reduziu sua previsão do PIB em 2020 para -4,7%, a maior queda desde 1900. A economia só deverá voltar aos níveis pré-crise de dezembro do ano passado em 2022, de acordo um represente do Ministério da Economia - uma recuperação mais lenta do que a sugerida pelo ministro da Economia Paulo Guedes.
Em resposta, no dia 6 de maio a Câmara dos Deputados aprovou a PEC que cria o chamado "orçamento de guerra", liberando cerca de R$ 800 bilhões para medidas de recuperação e ações de combate ao Covid-19. O Senado também fez sua parte, aprovando um pacote de ajuda econômica de R$60 bilhões destinado a estados e municípios.
Com os recentes dados sugerindo que os efeitos serão ainda piores, o Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central do Brasil decidiu, por unanimidade, reduzir a SELIC (a taxa básica de juros) de 3,00% para uma nova baixa histórica de 2,25% ao ano. O corte marcou o oitavo corte consecutivo desde julho de 2019 e a segunda reunião consecutiva em que o Banco reduziu a taxa em 75 pontos base. Esses são cortes enormes.
Embora o COPOM considere adequado o tamanho da resposta atual, deixou a porta aberta para um eventual corte de 25 pontos base se necessário.
FX
A moeda brasileira recuperou um pouco e reduziu o ritmo de alta depois de se aproximar da casa dos 6,00, orbitando um pouco abaixo de 5,00, antes de cair novamente. O câmbio spot atual se encontra 32% desvalorizado em relação ao patamar inicial em 2020.
O USDBRL é, obviamente, a mais volátil entre as moedas emergentes, registrando em termos de volatilidade 15%/ano (4,4%/mês!). Isso corresponde a um VaR (95%) de 25%. Definitivamente apresenta um risco que deve ser gerenciado.
Custo do Hedge
Felizmente, como os bancos centrais vêm reduzindo as taxas, o custo do hedge diminuiu drasticamente. Atualmente, é de aproximadamente 1% ao ano, favorecendo a venda de USD/compra de BRL.
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